sexta-feira, 10 de abril de 2020

Não Abra os Olhos!


O longa Bird Box (Caixa de Pássaros), original da Netflix, foi baseado no livro de Josh Malermian. A produção faz uso de flashbacks, sendo a história contanda no passado e no presente. O enredo gira entorno da protagonista Malorie Hayes (Sandra Bullock) e o surgimento de criaturas sobrenaturais que provocam um apocalipse. Antes da explosão dos acontecimentos, Malorie era uma mulher que vivia isolada da sociedade e estava grávida, no entanto, tinha uma certa rejeição pela gestação. A pessoa mais próxima a ela é a sua irmã Jessica Hayes (Sarah Paulson), que tenta animá-la em relação a vida. Em um determinado dia, as duas estavam no carro quando uma série de suicídios começaram a acontecer por todas as partes. Sem entender nada, perceberam que as pessoas pareciam ver alguma coisa incompreensível, elas enlouqueciam antes de tentarem se matar, por isso a expressão “Não abra os olhos” é tão repetida. 

 Em meio a confusão que se formou nas ruas das cidades por todo o mundoMalorie conseguiu entrar em uma residência onde outras pessoas também tentavam se proteger. Sem ter noção do que estava acontecendo, esse grupo que se formou na tentativa de trabalharem juntos para conseguirem sobreviverDiante dos acontecimentos, há uma mudança no comportamento de Malorie que agora necessita das outras pessoas e passa  desenvolver relações interpessoais. Por algum motivo, alguns indivíduos que viram as criaturas, não foram afetados e eles tentam fazer com que os outros  que conseguiram se esconder, vejam elas. Muitas coisas acontecem e os sobreviventes têm que se proteger das criaturas e das outras pessoas. Em meio a esse caos, a esperança reside em uma informação de que algumas pessoas conseguiram se refugiar em um local onde se protegiam das criaturas.  

 Levando em consideração que Josh Malermian costuma usar muitas metáforas em suas produções, algumas interpretações surgem sobre o filme, ficando evidente que o autor aponta algumas questões: o isolamento social, a dificuldade das pessoas desenvolverem melhor as relações interpessoais e se manterem conectadas umas com as outras em meio ao mudo digital, entre outros. Fazendo uma análise geral, o elenco é muito bom desde as grandes estrelas que protagonizam até as crianças. A trilha sonora e os cenários também foram bem colocados. O que deixa um pouco a desejar é justamente o fato de que a história se passa em dois momentos (presente e futuro) e por se tratar de um suspense, a forma como os fatos são colocados meio que revela o que vai acontecer e com isso perde um pouco da surpresa. Outro ponto que foi muito criticado foi o fato de que não é explicado a origem das criaturas, mas isso é algo comum de acontecer em filmes apocalípticos. De um modo geral é uma história interessante. 

sábado, 21 de março de 2020

Uma aventura além do fundo do mar

O tão esperado filme do Aquaman produzido pela DC, traz um herói mais bem-humorado do que nos quadrinhos. No que diz respeito aos cenários, edição gráfica e dublagem, ficou tudo muito bem feito, destacando a riqueza de detalhes da cidade de Atlântida, uma cidade futurista e bem desenvolvida embaixo d'água, porém, a trilha sonora poderia ser um pouco melhor. 

Sobre a história, traz Arthur (Jason Momoa), representando o Aquaman que ajuda as pessoas quando surgem problemas, no entanto, ele não se considera exatamente um herói. Mas algo muda sua vida, Mera (Amber Heard), o procura com o intuito de que ele retorne a Atlântida com ela e enfrente seu irmão Orm (Patrick Wilson), sendo colocado como o vilão principal do filme, que pretende atacar a superfície e se tornar o “Mestre dos Oceanos” contando com a ajuda do Arraia Negra (Yahya Abdul-Mateen II). 

Nesse contexto, é Orm quem trouxe uma crítica muito válida com relação a poluição marinha provocada pelo descaso dos seres terrestres com os mares e oceanos. Motivo este do seu ódio pela superfície. Destaca que as pessoas da terra, despejam grandes quantidades de lixo e substâncias tóxicas nas águas, atingindo assim os seres vivos marinhos e todo um ecossistema. 

E de uma forma geral, a produção combinou ação, humor, aventura e romance. E essa combinação trouxe uma dinâmica ao enredo que possibilitou trazer “micro histórias” dentro da história, isto é, conta a origem do Aquaman, a origem do Arraia Negra, a busca pelo tridente de Atlas para derrotar Orm, o confronto com o Arraia, a luta com o irmão e ainda cria um clima romântico entre o protagonista e Mera. Dado o exposto, os fãs do Aquaman ficaram na esperança de uma continuação da história, devido as cenas pós-créditos. Será? 

quinta-feira, 17 de janeiro de 2019

“No meu ponto de vista, podemos fazer o que nós quisermos” - Venom

Diferente do provável, o esperado, Venom em momento algum do filme me parece digno de temor, tendo como algo memorável a relação Eddie-Venom, assumindo um tom romântico e engraçado, óbvio, isto não coloca o filme em derrota, pois não há necessidade de assustar.“Nós somos Venom”, pela primeira vez a palavra “nós” faz sentido nesta frase, havendo diálogo entre simbionte e hospedeiro, um deles memorável: “e aí? O que você quer fazer agora? No meu ponto de vista podemos fazer o que nós quisermos”.

Discorrendo sobre os personagens: para quem acompanha o universo Marvel não há mistério, o enredo tem como personagem principal Eddie Brock, interpretado por Tom Hardy, um repórter, de cunho investigativo, morador de São Francisco, empregado em uma emissora local, contracenando principalmente com Anne Weying (sua namorada), papel interpretado por Michelle Williams, e com Carlton Drake (Riz Ahmed), personagem que idealizou a Fundação Vida, a qual investe em viagens espaciais tendo como fim descobertas que objetivam o uso medicinal na humanidade, uma destas viagens desencadeia os acontecimentos do filme.

A relação entre os fracassados: ao ter acesso a documentos enviados para sua namorada, uma advogada da Fundação Vida, descobrindo assim experiências realizadas de forma ilegal nos laboratórios, Eddie Brock é instigado a denunciar o que descobriu, sem sucesso, é demitido, seu namoro chega ao fim, tudo parece não fazer sentido. Por sua vez o simbionte Venom chega à terra em uma das naves enviadas ao espaço pela Fundação Vida, juntamente com outros de sua espécie, e assim como o hospedeiro, Venom é um fracassado em seu planeta: “no meu planeta eu sou um bundão, assim como você”. Seis meses se passam até que uma funcionária da Fundação Vida procura aquele que tinha se disposto a investigar acontecimento que lá ocorriam, revelando a ele informações sobre os experimentos ilegais envolvendo simbiontes e seres humanos (os menos favorecidos, o que não me parece distante da realidade), utilizados como hospedeiros, com estas informações vindas com um pedido de ajuda, se inicia mais uma vez a busca pela comprovação destas informações, desta vez ele e só ele.

Por fim, o encontro: Eddie Brock encontrou mais do que era por ele esperado, aliás, como Venom diz: “nós encontramos vocês”, ah! Eu esqueci de escrever, ele não é um herói, eu sei, foi o que pareceu, mas também não é vilão, é aquele que possui atitudes moralmente questionáveis, aquele que faz o necessário por um fim. O encontro entre hospedeiro e simbionte leva-os novamente a querer ser mais, demonstrando suas fraquezas, e mostrando o quão são dependentes um do outro, não existindo mais o eu, mas o nós, objetivando o “mais”, neste caso subentendido, pois um mais um é apena um, a relação não é fácil, mas os torna mais fortes, tornando o “quase zero” que eram as chances que ele tinha contra um simbionte com planos reversos ao dele em uma batalha épica de ação para salvar o planeta, com uma trilha sonora bem-intencionada, e na tentativa da manutenção da classificação indicada (12 ano). Sozinhos podemos chegar mais rápido, mas não longe, juntos “podemos fazer o que nós quisermos” - Venom

quinta-feira, 4 de outubro de 2018

“É só mais um filme de crianças”, eles disseram

Filmes, séries, desenhos, animes, são vistos por alguns apenas como passatempo. No entanto, esses produtos audiovisuais vão além de meras distrações. Quando bem elaborados, podem ser utilizados como ferramentas que facilitam a transmissão de ideais. Sendo assim, faz-se necessário desmistificar pensamentos do tipo “desenho animado é coisa de criança”, tendo em vista que os animadores estão cada vez mais preocupados em criar enredos que, apesar de explorar o imaginário, o fictício, trazem assuntos de interesse social fazendo uso de uma linguagem simples e com uma dose de humor. Em Os Incríveis, lançado em 2004, é possível notar essa preocupação. 

No filme, Brad Bird traz as aventuras da “família incrível”, que tem como integrantes: Roberto Pera (Sr. Incrível), Helena Pera (Mulher-Elástica), Violeta, Flecha e o Zezé. Através da família de super-heróis, ele trata da estrutura familiar, a união apesar das diferenças e dos papéis bem definidos pela sociedade dos homens e das mulheres. É fácil perceber isso, ao analisar a história e ver que, após algumas situações desastrosas, os heróis sofrem repressão social e se veem forçados a viverem como “pessoas normais”. Sendo assim, Helena passa a cuidar da casa e das crianças e Beto vai trabalhar em um escritório burocrático, atividades estas que são estipulados pela sociedade para tais figuras sociais: dona de casa e pai de família. 

Quatorze anos após o lançamento do primeiro filme, surge a sequência do longa que, não só evoluiu no que diz respeito a direção de arte e efeitos visuais que se preocupou com cada detalhe, como também trouxe críticas mais assíduas, abordando a questão do feminismo e a inversão dos papéis sociais. Destaca-se a figura da Mulher-Elástica que assume o protagonismo como heroína nas mídias, enquanto que Beto tem que lhe dar com a dificuldade de Flecha e a matemática, os problemas amorosos de Violeta e os novos poderes do Zezé (melhor personagem do filme). Enquanto ela conquista as pessoas com atos heroicos, ele desempenha o papel de pai e descobre que essa tarefa é tão desafiadora quanto ser herói. 

Uma outra discussão é inserida ao enredo pelo Hipnotizador, que é nada mais nada menos que o novo vilão. Trata-se de uma crítica a alienação imposta a população pelos veículos de massa que disseminam apenas informações que favorecem os interesses políticos e do sistema capitalista de uma minoria manipuladora. Tal mensagem fica implícita quando o vilão faz uso dos veículos de massa para hipnotizar as pessoas com o intuito de mostrar a população que os heróis são na verdade uma ameaça. Apesar do propósito dele não ser muito plausível, porque fundamenta-se em um sentimento muito raso que é basicamente odiar os heróis por odiar, isso não compromete a obra que está “Incrível”. 

“É só mais um filme de crianças”, eles disseram. Bom, se a crianças absorverem o debate proposto por trás da animação e isso contribuir para se tornarem no futuro, adultos mais críticos e conscientes, então, mais “filmes de crianças” por favor! 

Não Abra os Olhos!

O longa Bird Box (Caixa de Pássaros), original da Netflix, foi baseado no livro de Josh  Malermian . A produção faz uso de flashbac...